Foco na experiência do consumidor e tecnologia: alguns insights da NRF 2024

02 | 02 | 2024 Tempo de leitura: 7min 7 visualizações

A experiência do consumidor ganhou destaque na NRF – Retail’s Big Show, a maior feira do varejo mundial, realizada neste ano em Nova York entre os dias 14 e 16 de janeiro. Neste artigo, iremos salientar o papel que a experiência do consumidor e a tecnologia desempenham no mercado atual, a partir de insights do NRF 2024.

O evento promovido pela National Retail Federation (NRF), entidade representativa do setor de varejo nos Estados Unidos, reuniu cerca de 40 mil visitantes, 6.000 marcas, 1.000 expositores e 450 palestrantes, entre eles alguns dos mais renomados empresários do mundo, que compartilharam suas visões e perspectivas para o futuro do varejo.

Sendo o varejo o maior termômetro do consumo, os conteúdos dessas palestras são de amplo interesse também para o atacado distribuidor e para a indústria. Afinal, também se beneficiam de insights e da descoberta de tendências para melhorar a compreensão do consumidor e trazer vantagens estratégicas para o seu negócio.

Enquanto integrante do ecossistema da cadeia de abastecimento brasileira, a Mtrix participou da NRF 2024 e selecionou algumas palestras com temas relevantes para o nosso mercado. Esses temas, aliás, vão compor um material bastante completo a ser disponibilizado em breve.

Contudo, neste artigo, você terá uma visão geral dos principais temas abordados durante o evento. Principalmente porque, daqui para frente, irão desenhar o futuro do varejo — e da cadeia de abastecimento como um todo.

Uso de Inteligência Artificial Generativa na Experiência do Consumidor

Em suas palestras, empresas como Walmart e Sales Force e a futuróloga Kate Ancketill destacaram o uso de Inteligência Artificial Generativa (IAG) como o mais novo e importante passo para elevar a experiência do consumidor a outro nível e prover uma experiência de compra 100% personalizada. A IAG, com sua capacidade de aprender e agregar dados, está alinhada à filosofia de colocar o consumidor no centro das estratégias do varejo, proporcionando uma vivência única.

Kate Ancketill diz que 80% dos varejistas usarão IA até 2026. A tecnologia IA empática vem impulsionada por assistentes de voz e modelos comerciais baseados em diálogo inteligente. Para Kate, isso irá redefinir a interação entre consumidores e varejistas. Afinal, em um mercado tão competitivo, é fundamental buscar melhorar a experiência do consumidor a fim de fidelizá-lo à sua marca.

Além disso, várias empresas de tecnologia lançaram durante a NRF soluções baseadas em IAG para atender a diversas necessidades do varejo. As inovações vão desde personalização de compras online (Google) e otimização de campanhas de marketing (Microsoft) à criação de assistentes virtuais inteligentes para fornecer recomendações de compra baseadas no histórico do cliente (Samsung).

Também a SAP lançou sua ferramenta Reabastecimento Preditivo para centros de distribuição, voltado ao gerenciamento do estoque e de pedidos em lojas físicas e online.

Resistência do comércio à tecnologia

A inteligência artificial (IA) já faz parte da realidade de muitas empresas, sendo utilizada ao longo da cadeia em áreas como logística, controle de estoque e vendas. Além disso, também atua em atendimento ao cliente em canais eletrônicos, como assistente de voz, gerador de sugestões de compra e outras funções.

Contudo, sabemos que parte do comércio, seja varejista ou atacadista, ainda não adotou a IA de forma consistente. Isso é um erro, uma vez que a evolução apresentada pela IAG é um movimento sem volta e certamente será um divisor de águas no que se refere à sobrevivência e relevância das companhias.

Colaboração e democratização dos dados 

Vários participantes da NRF 2024 destacaram a importância da postura colaborativa, com compartilhamento de dados entre os parceiros da cadeia de suprimentos visando à criação do valor da marca, geração de eficiências e personalização de ofertas. 

O CEO da FedEx, Raj Subramaniam, afirmou em sua palestra que a missão da empresa é tornar a cadeia de suprimentos mais inteligente e melhor para todos. Para tanto, a FedEx busca compartilhar dados para que outras empresas possam transformá-los em inteligência, compreendendo melhor seus clientes e otimizando as operações de ponta a ponta.

Subramaniam acredita que estamos num momento crucial para o e-commerce. Segundo ele, poderemos combinar o poder da inteligência artificial e do machine learning com as capacidades das redes físicas, de modo a criar uma experiência de soluções digitais sem paralelo para os consumidores.

Bob Eddy, presidente e CEO do BJ’s Wholesale Club, e Anton Vincent, presidente da Mars, conversaram sobre a importância das parcerias estratégicas. A BJ’s dedica um tempo significativo aos dados dos seus consumidores, disse Eddy, e a Mars têm tido uma “tremenda parceria” para descobrir como envolver os consumidores da forma como eles querem ser envolvidos.

Como melhorar a experiência do consumidor com novas tecnologias?

Retail Media Networks (RMN)

Parte do processo de revalorização do varejo físico, a visão da loja ou marca como canal de mídia ganhou destaque por ser uma forma de impactar o consumidor de forma imediata e personalizada. Assim, o RMN possibilita às marcas exibirem anúncios em espaços disponibilizados pelos estabelecimentos varejistas, tanto físicos quanto online.

Do painel dedicado ao tema, participaram as empresas GPA – Grupo Pão de Açúcar, Mercado Livre e Sales Force.

No Brasil, a RMN ainda é incipiente, mas nos Estados Unidos é uma realidade consolidada e em expansão. A Sales Force mostrou uma ação alimentada por inteligência artificial com referências ao filme Minority Report. Isto é, o comprador vai na loja da Gap e os anúncios falam com o consumidor, reconhecido através da leitura da retina. Ou seja, uma estratégia para melhorar a experiência do consumidor e aumentar a satisfação do cliente.

Também foi realizada a palestra “A Era de Ouro das Redes de Mídia de Varejo: Como o Varejo Físico Está Desbloqueando RMN” com a participação das empresas Insider Intelligence, Walgreens Advertising Group e Walmart Connect

Segundo a Insider Intelligence, o mercado de retail media deve atingir US$ 100 bilhões até 2027. E já neste ano o modelo deve atrair investimentos em valor já muito próximo ao conquistado pela TV.

Omnichannel 

Este tópico fala da importância de uma integração total entre a experiência online e offline. E também de como os varejistas unificam vários canais de forma a criar uma experiência atraente, consistente e personalizada para seus clientes.

Essa preocupação é essencial no cenário atual, onde a experiência do consumidor é tão importante quanto os produtos. As lojas físicas permanecem, mas não mais como apenas um local para vender produtos. Ela agora é uma forma de a marca se conectar com o consumidor, um espaço de relacionamento. 

Um exemplo é a loja da Yeti em Austin, Texas, montada em um antigo armazém. A fabricante de coolers e copos conseguiu criar uma experiência envolvente. Os coolers são o carro-chefe da marca, e o visual merchandising apresenta momentos de aventura ligados ao produto. Há um jipe estacionado do lado de fora, uma imponente estátua de urso e um bar onde os coolers servem como assentos inteligentes. Fotos de aventureiros que alcançaram algo grandioso ao ar livre estão penduradas acima dos coolers, evocando a ligação entre o cooler Yeti e uma vida cheia de emoção ao ar livre. Novamente, uma estratégia focada na melhoria da experiência do consumidor.

Economia circular

Fenômeno especialmente presente nas novas gerações, a economia circular ressignifica o conceito de luxo. Algumas marcas manterão o seu prestígio e serão valorizadas. Mas o novo consumidor está cada vez mais preocupado com sustentabilidade e racionalização do uso de recursos e mais focado na ideia de valor. Assim, a tendência é que os consumidores possam ir às lojas e escolher entre produtos novos, usados, alugados ou reciclados.

Os dados da ThredUp mostram que o mercado de segunda mão se aproximará dos US$ 351 milhões em todo o mundo até 2027, com os EUA sozinhos contribuindo com cerca de US$ 70 milhões. Segundo a Euromonitor, quase 60% da Geração Z comprou itens de segunda mão várias vezes no ano passado, e perto de 30% pretendem aumentar os gastos com usados ​​em 2024.

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