A crise no varejo: por que isso pode ser uma oportunidade
A quantidade de empresas – principalmente as grandes do varejo – que, desde o início do ano, despontam com problemas financeiros e risco de falência tem sido uma constante no noticiário econômico.
Além do notório caso das Americanas, grandes players como Lojas Marisa, OI, CVC e diversas outras vêm tentando renegociar suas dívidas. Ou então têm buscado o caminho da recuperação judicial para não fechar as portas na esteira de uma crise de crédito e baixa atividade econômica que se arrasta no país há vários semestres.
De acordo com a Serasa Experian, em janeiro deste ano 92 empresas entraram com pedidos de recuperação judicial no Brasil. Isso representa um crescimento de 37% na comparação com o mesmo mês de 2022. Também foram registrados 72 pedidos de falência, uma elevação de 56% em relação a janeiro de 2022.
POR QUE O VAREJO ESTÁ NESSA SITUAÇÃO?
Vários aspectos se somam para explicar a situação crítica de tantos empreendimentos, todas elas já bem conhecidas.
É sabido que as companhias nacionais têm um histórico de baixo investimento em inovação e baixa produtividade em relação a países mais desenvolvidos. Isso as torna mais vulneráveis em períodos de crise. E somadas às deficiências estruturais da nossa economia, cujas raízes vêm de muito tempo atrás, temos acontecimentos recentes de grande impacto que atingiram não só o Brasil, mas o mundo todo.
Primeiro, a pandemia, com o isolamento social que desacelerou todas as atividades produtivas e resultou no fechamento de empresas e demissões. Depois, quando todos pensavam que a retomada viria com força, a guerra entre Rússia e Ucrânia frustrou as expectativas. Afinal, a guerra gerou grande insegurança no campo geopolítico, além de um grave desabastecimento de grãos e fertilizantes, commodities essenciais comercializadas pelos países em conflito.
Assim entramos todos em mais um período crítico, com alta de preços no mercado internacional que se refletiu no Brasil como uma inflação difícil de ser controlada. Além disso, a retirada de subsídios do preço de combustíveis e o fim de linhas de financiamento para pessoas jurídicas disponibilizadas emergencialmente em razão da pandemia acabaram por contribuir ainda mais para a elevação de preços.
O DURO EFEITO DOS JUROS
Em se tratando de um choque de oferta e não de excesso de demanda, os juros altos que o Banco Central têm mantido têm efeito quase nulo nos preços. Mas têm sido bastante impactantes na atividade econômica e na geração de empregos.
A taxa Selic de 13,75% está vigente há seis meses, mas o índice se mantém acima de dois dígitos desde fevereiro de 2022. Assim, as grandes varejistas sentiram o golpe. Com juros elevados, que promovem a restrição do crédito, e manutenção de um poder de compra do consumidor em patamares ainda baixos — apesar do aumento do valor dos benefícios pagos aos mais pobres pelo governo federal.
Por um lado, o consumidor que depende do crédito para adquirir itens mais caros como automóveis, eletrodomésticos da linha branca e eletroeletrônicos está postergando suas compras. Por dois motivos: os agentes financeiros encareceram o crédito para pessoas físicas devido ao maior risco de inadimplência e o endividamento que já está bastante alto.
Levantamento da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) mostrou que ele atingia 77,9% das famílias ao fim de 2022. Segundo a Serasa e SPC Brasil, entre janeiro de 2022 e janeiro de 2023, o valor médio por inadimplente avançou de R$ 4.022 para R$ 4.612, um endividamento recorde. E em janeiro deste ano 70,1 milhões de inadimplentes acumulavam dívidas em atraso que totalizavam R$ 323,3 bilhões!
E como os juros impactam o varejo?
Já as empresas que dependem de financiamento bancário e de uma baixa inadimplência dos consumidores passaram a enfrentar grandes dificuldades. Afinal, precisam quitar seus empréstimos e pagar seus fornecedores para poderem manter suas atividades e seguir oferecendo a venda parcelada aos seus clientes.
Mesmo as que não enfrentam problemas imediatos com o caixa têm com que se preocupar. Depois do tombo das lojas Americanas, a partir de janeiro os bancos reduziram linhas de financiamento e aumentaram as taxas praticadas. Isso se deu em razão da maior percepção de risco do setor.
Por outro lado, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados que mostram o melhor resultado de vendas para janeiro em 20 anos. Houve crescimento de 3,8% em relação ao mês de dezembro, um desempenho acima do esperado pelos analistas. Excelente notícia! Mas já é o caso de comemorar? Economistas acreditam que ainda não.
Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, Cristiano Santos, gerente da Pesquisa Mensal de Comércio no IBGE, informou que parte da forte expansão no varejo em janeiro é explicada por uma base de comparação baixa. Além disso, o avanço ocorreu após dois meses de quedas: em novembro e dezembro de 2022, as vendas acumularam uma perda de 3,5%. Portanto, o saldo positivo em janeiro é pequeno perto da perda anterior. E a expectativa é que a atividade do varejo se mantenha baixa ao longo do ano.
OPORTUNIDADE NA CRISE
Mas nem tudo são espinhos. Há sempre algum segmento ou empresa que acaba se beneficiando quando alguns outros apresentam dificuldades. Isso pode parecer oportunismo, mas é apenas a aplicação das leis de mercado. Leis que agem a favor dos que apresentam as melhores condições de navegar nos mares turbulentos das crises.
No caso dos automóveis novos, a baixa demanda levou à paralisação de oito fábricas e fechamento de dois turnos em março. Mas impulsionou a venda de automóveis usados, favorecendo as empresas que trabalham com esses produtos de segunda mão.
No caso das varejistas de bens de consumo semiduráveis, as dificuldades também acabaram abrindo espaço para a concorrência. Com as Americanas em dificuldades, o Magazine Luiza, por exemplo, teve suas ações valorizadas em cerca de 20% no primeiro trimestre deste ano. Embora ainda acumulem queda nos últimos 12 meses…
O grande varejo que comercializa bens não duráveis também pode passar por maus momentos, a depender do grau de alavancagem de cada operação. E quando grandes compradores de produtos industrializados reduzem suas compras em razão da contenção do crédito, as indústrias, que trabalham com determinada previsão de produção e já têm produtos em estoque para atender seus compradores regulares, precisam destinar esses produtos a novos compradores, para não registrar prejuízo.
Dessa forma, o varejista de pequeno porte e o atacado distribuidor que o abastece encontram-se em situação bastante favorável para a aquisição desses produtos. Um bom negócio para a indústria, que encontra destino certo para seus produtos, e para o canal indireto, que consegue negociar melhores preços. Verdadeira solução ganha-ganha.
ESTAR PREPARADO FAZ TODA DIFERENÇA
Estando todas sujeitas às mesmas regras de mercado e às mesmas condições regulatórias e econômicas, o que faz algumas empresas conseguirem ser bem-sucedidas em períodos de crise enquanto outras definham?
Claro que diversos fatores que vão da robustez do caixa a aspectos de governança e gestão de riscos são fundamentais. Mas, lembrando que a área comercial é o oxigênio de qualquer organização, todo investimento nela realizado é bem-vindo e essencial para garantir a competitividade.
Alguns aspectos, são imprescindíveis para qualquer empresa que queira não apenas sobreviver, mas principalmente prosperar no canal indireto, seja indústria, atacadista, distribuidor ou varejista:
- Controle adequado do estoque
- Acompanhamento permanente da performance das equipes de vendas
- Ampla visibilidade dos processos e das questões que podem afetar o bom relacionamento com clientes e fornecedores
- Gestão dos gargalos logísticos
- Capacidade de dar resposta rápida a mudanças bruscas de cenário, entre outros.
O que ocorre, porém, é que há um número imenso de pequenos varejos que são fundamentais para dar capilaridade à distribuição dos produtos da indústria. Mas que, por outro lado, não possuem nem o fôlego financeiro nem o conhecimento necessário para gerir essas questões sozinhos. Nesse ponto, fica evidente a grande responsabilidade – e grande oportunidade – que cabe ao atacado distribuidor, como parceiro da indústria e principal fornecedor do varejo independente.
Quanto à indústria que busca extrair os melhores resultados da parceria com o atacado distribuidor, quanto maior for a visibilidade e o controle sobre o canal indireto, com dados precisos do pequeno varejo, melhor será o processo de tomada de decisão e mais ela se beneficiará.
A MTRIX COMO PARCEIRA
Vale lembrar que a Mtrix atende qualquer indústria que atua no canal indireto. Além de alimentos, bebidas, cuidados pessoais e limpeza doméstica, são atendidos também os segmentos pet, construção civil, material de construção e eletroeletrônicos.
Para todos esses segmentos são disponibilizadas e customizadas todas as soluções de Business Intelligence da Mtrix, sempre baseadas no MIND® – plataforma exclusiva de data quality que monitora e analisa diariamente o conteúdo das informações relativas às compras realizadas por mais de 1 Milhão de PDVs em todo o Brasil, com níveis de consistência superiores a 99%.
As ferramentas da Mtrix oferecem visibilidade diária do fluxo de informações ao longo da cadeia e permitem comunicação mais ágil, decisões mais precisas e um relacionamento mais estreito e produtivo entre os parceiros de negócios, fornecendo resposta a perguntas sobre:
- Penetração dos produtos
- Níveis de estoque
- Desempenho dos PDVs
- Desempenho das equipes de vendas
- Clientes mais rentáveis
E outros aspectos do negócio.
Fale com a Mtrix e faça dessa parceria uma vantagem competitiva!
SOBRE A MTRIX
Há mais de 12 anos disponibilizando soluções de inteligência de dados, a Mtrix conecta, captura e processa dados transacionados diariamente entre fabricantes, distribuidores e varejistas de todo o país.
Provendo soluções customizadas que respondem às diferentes necessidades de gestão de dados ao longo da cadeia de abastecimento, a empresa atende mais de 75 clientes da indústria, conectados a mais de 1.500 distribuidores e atacadistas em todo o Brasil, abrangendo mais de 1 milhão de pontos de venda, com destaque para os segmentos de alimentos, bebidas, cuidados pessoais e cuidados com o lar.